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“...é uma cidade que se acha rodeada pela
natureza, em seus aspectos mais virginais. Os negros da
selva, brilhantes como o ébano, traj’ando roupas estranhas
e vistosas, pois nao se lhes permite entrar na zona urbana
tao escassamente vestidos como andam pelas selvas, sao
visitantes cotidianos da cidade, onde procuram os artigos
com que renovar os seus limitados pertences. Mas, quando
atravessam a magnifica Praga do Govêrno, em que se destaca
o Palacio do Governador, nao se pode deixar de impressio-
nar com o contraste que êsses primitivos filhos da floresta
fazem com a refinada beleza da Praga, que, com os seus
monumentais edificios do Govêrno, com a sua estatua da
Rainha Guilhermina, com seu jardim cuidado, e com seu
arvoredo tropical, tendo o formoso Parque das Palmas
como fundo, é capaz de honrar qualquer grande capital.
Recentemente, a sempre progressiva indüstria mineira da
bauxita e uma consideravel atividade militar injetaram
nova vida e novas energias a cidade, a qual, ha apenas
um ano...”
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“...nos estendermos muito sóbre os
oito primeiros mêses de neutralidade.
A invasao dos Paises Baixos, em 10 de Maio de 1940,
foi uma surpresa em Surinam. Emhora se soubesse geral-
mente que a situagao da Holanda era muito menos segura
do que na guerra anterior, nao se compreendia quao amea-
gadora era a realidade. Ao serem conhecidas as primeiras
noticias da luta na Holanda, a populagao de diferentes
ragas do Território, em um gesto expontaneo de patriotis-
mo e de fifelidade a Coróa, se reuniu na Praga do Govêrno
e, aglomerada a volta da estatua da Rainha, ratificou sole-
mente seu juramento de lealdade. 0 entusiasmo local
sofreu um rude golpe quando, depois de alguns dias de
heróica luta, todo o território da metrópole caiu nas maos
do inimigo. Sem deixar de apreciar a bravissima resistência
oferecida pelos holandêses nas condigöes mais adversas,
aquela pequena coletividade se compenetrou profundamen-
te da extrema gravidade das circunstancias, uma vez que a
Mae Patria foi ocupada pelo invasor...”
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“...o português. Os filólogos nao puderam ainda determi-
nar com seguranga a autêntica origem dessa lingua-
gem, mas quern quer que fale o “papiamento” nao
encontrara nenhuma dificuldade em entender o espa-
nhol ou o português. Por outro lado, o espanhol é um
dos idiomas que se ensinam nas escolas, publicando-
se, além disso, um jornal em castelhano. Em suma,
os habitantes de Curagau se sentem atraidos pela cul-
tura espanhola, que êles assimilam e estimam junta-
mente com a cultura holandesa.
Na praga mais antiga de Curagau ergue-se a esta-
tua de Luis Brion, muito perto da vetusta igreja de
Otrobanda, onde foi êle batisado em 6 de Julho de
1782. Esse grande cidadao de Curagau, educado em
Amsterdam, foi um dos autores da independência da
Venezuela; foi comandante em chefe da Frota e do
Exército da Colombia, e empregou toda a sua fortuna
na luta pela emancipagao dêsses paises. Por isso, de-
sempenhou um papel importante na vida de Simon
Bolivar, a qual é, por sua vez, a história da emanci-
pagao...”
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“...eram, mais do que nunca, o centro do trafego mari-
timo do Novo Mundo. Houve ocasióes em que na baia de
San Eustaquio se achavam fundeados 700 navios de uma
só vez. Quando os inglêses bloquearam a rota de abaste-
cimento da Europa para as colónias na América do Norte,
foï San Eustaquio a unica via de comunicagao que se póde
aproveitar. Mais tarde, entrou em San Eustaquio um navio
das colónias norte-americanas, que ainda estavam lutando,
e o Governador De Graaf deu ordens para que os canhóes
da praga local fossem disparados, em sinal de homenagem
a bandeira que ondeava no mastro do navio.
Poucos anos depois dêsse curioso incidente, os inglêses
declararam guerra a Holanda e enviaram una frota, sob o
comando de Roodney, contra San Eustaquio. Nao havia,
nas imediagöes da ilha, nenhum navio holandês, e a
possessao caiu sem resistencia. Os inglêses saquearam a
ilha e se retiraram.
Depois disso, o Território de Curagau passou mais uma
vez ainda ao dominio dos inglêses—mas, entao, pacifica-
mente...”
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